Neide não. O nome dela é Vitória

Marineide, Neide, atleta, corredora, mãe. São muitas as maneiras de se chamar essa baiana de Porto Seguro, moradora do bairro Capão Redondo, em São Paulo.

Neide Santos – a personagem do Gente de Hoje – começou a correr aos 14 anos de idade e virou uma espécie de “ídolo” das moradoras da região. Por viver em um bairro de periferia, elas não tinham oportunidade de praticar esportes e contaram com o conhecimento e a coragem de Neide para enfrentar preconceitos e quebrar tabus.

Juntas, em 1999, seis mulheres se uniram à decoradora para em 15 dias aprender a correr e a se alongar. O que nem mesmo Neide imaginava é que esses 15 dias se estenderiam por mais de 10 anos.

Veterana em circuitos de rua, Neide correu a primeira prova feminina da São Silvestre em 1975. Ela enfrentou a discriminação no bairro em que mora e mudou a vida de muita gente por meio do esporte.


Preparando os alunos para mais uma prova
O pedido de socorro por parte da vizinhança fez com que Neide reduzisse a jornada de trabalho como decoradora. Mesmo sem receber nada (ou quase nada) em troca, ela criou o projeto Vida Corrida. O projeto nasceu com o objetivo de levar lazer, entretenimento e esporte gratuito às mulheres do Capão Redondo. “O esporte ajudou a mudar a vida de muitas pessoas por aqui. A ideia deu tão certo que as coisas foram acontecendo. O projeto cresceu tanto que hoje a corrida não é a única atividade realizada por nós”, conta Neide.

Confirmando o que Neide diz, o Vida Corrida deu tão certo que os freqüentadores do projeto são convidados a participar de várias provas de rua. Não só no Brasil. Em setembro, Neide e mais dois corredores participaram da maratona de Lisboa e passou a contar com a parceria da Nike no projeto. Além disso, no mesmo espaço usado para os treinos, Neide montou uma biblioteca e quatro vezes por ano mobiliza os moradores para doações de sangue.

Na maratona de São Paulo, em 2010
Que Neide é batalhadora não resta dúvidas. E não pense que sua vida é fácil. Mãe de três filhos, ela ficou viúva em 1980 e convive com a dor da perda de um filho, assassinado aos 21 anos de idade. As perdas deram a ela ainda mais motivação para investir seu tempo em um projeto tão bacana. “Eu perdi um filho, mas realizei o seu sonho em trabalhar com crianças. Infelizmente, um se foi, mas eu ganhei mais 300”, diz emocionada.

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